Expansão

Desde 2018, a C16 Biosciences vem desenvolvendo um processo de fermentação à base de resíduos alimentícios, a fim de produzir uma alternativa ao óleo de palma. Uma cepa de fermento cuidadosamente selecionada é responsável por desencadear o processo natural de fermentação, produzindo uma espécie de óleo de palma sintético que contém o mesmo teor de ácidos graxos que a substância extraída da palmeira. Em 2020, essa inovadora empresa, fundada por uma ex-aluna da faculdade de Comércio de Harvard, um engenheiro em Biologia e um doutor em Ciências Físicas, fabricava apenas 10 quilos por semana de seu óleo de palma alternativo. De lá para cá, a startup captou 20 milhões de dólares em investimentos para financiar o projeto, em particular por intermédio do fundo Breakthrough Energy, criado por Bill Gates em 2015.

O resultado está à altura das expectativas: a C16 Biosciences acaba de anunciar que seu "óleo de palma sem óleo de palma" será lançado no mercado com a marca Palmless™ a partir de 2023, graças à produção de um primeiro lote industrial de aproximadamente 50 litros.

Prioridade ao setor de beleza no início de 2023

Embora o novo óleo possa ser empregado em uma grande variedade de produtos, inclusive em alimentos e produtos de limpeza doméstica, a startup pretende destiná-los prioritariamente ao setor de beleza.

"O lançamento do Palmless™ é um enorme passo em direção a uma real alternativa. Há muitos anos, as marcas voltadas para o grande público buscam alternativas ao óleo de palma, mas ainda não dispunham de uma solução satisfatória – até agora", explica Shara Ticku, cofundadora e CEO da C16 Biosciences. "As marcas que estão apostando no uso do Palmless™ em seus produtos mostram que têm o firme compromisso de reduzir o impacto de suas atividades em relação às mudanças climáticas".

Mercado com enorme potencial

O óleo de palma é o óleo mais consumido no mundo, ganhando de longe dos óleos de soja, de colza e de girassol. A título de exemplo, ele está presente em alimentos, como cremes de passar no pão, batatas chip e cubos de caldo instantâneos, e também em cosméticos, como shampoos e batons.

Segundo a C16 Biosciences, o óleo de palma entra na composição de quase 50% dos produtos disponíveis nas prateleiras dos supermercados americanos. Para atender a essa demanda, as importações de óleo de palma aumentaram em cerca de 30% nos Estados Unidos desde 2014.

A Indonésia e a Malásia fornecem 85% da produção mundial de óleo de palma, segundo dados da WWF. A áreas agrícolas destinadas à cultura de palmeiras vêm crescendo a olhos vistos: em 2020, na Malásia, elas ocupavam 5,3 milhões de hectares, contrastando com 3,3 milhões em 2000. Além de causar desmatamento e poluição do solo, esse tipo de cultura reduz o espaço vital de algumas espécies animais, como orangotangos e elefantes.

A popularidade do óleo de palma deve-se, em grande parte, ao fato de ser bem mais barato que outros óleos vegetais. Esse elemento será um fator decisivo para o sucesso da solução alternativa desenvolvida pela C16 Biosciences.